A oração do Senhor foi duas vezes dada por nosso Salvador -
primeiro à multidão, no Sermão da Montanha, e outra vez, meses mais tarde, aos
discípulos apenas. Por um breve período haviam eles estado ausentes de seu
Senhor, quando, ao voltarem, O encontraram absorto em comunhão com Deus. Como
despercebido de sua presença, Ele continuou a orar em voz alta. Um brilho
celeste irradiava da face do Salvador. Parecia mesmo encontrar-Se na presença
do Invisível. E havia um vivo poder em Suas palavras, o poder de alguém que
fala com Deus.
O coração dos discípulos foi profundamente comovido enquanto
eles escutavam. Tinham observado quão freqüentemente Jesus passava longas horas
em solicitude, em comunhão com o Pai. Os dias, passava-os a servir às multidões
que se comprimiam em torno dEle, e revelando os traiçoeiros sofismas dos rabis,
e esse incessante labor deixava-O muitas vezes tão exausto que Sua mãe e Seus
irmãos, e mesmo os discípulos, temiam que sacrificasse a vida. Ao volver,
porém, das horas de oração que encerravam o cansativo dia, notavam-Lhe a
expressão de paz na fisionomia, a sensação de refrigério que parecia
desprender-se de Sua presença. Era de horas passadas com Deus que Ele saía,
manhã após manhã, para levar aos homens a luz do Céu. Os discípulos haviam
chegado a ligar essas horas de oração com o poder de Suas palavras e obras.
Agora, ao escutar-Lhe as súplicas, sentiram o coração encher-se de respeito e
humildade. Quando Ele acabou de orar, foi com certa convicção de sua profunda
necessidade que exclamaram: "Senhor, ensina-nos a orar." Luc.
11:1.
Jesus
não lhes apresenta nenhuma nova forma de oração. Aquilo que já anteriormente
lhes ensinara, repete agora, como se lhes quisesse dizer: Vocês devem
compreender o que já lhes dei. Isso encerra uma profundeza de sentido que vocês
ainda não sondaram.
O
Salvador não nos restringe, entretanto, ao emprego exato dessas palavras.
Identificado com a humanidade, apresenta Seu próprio ideal de oração - palavras
tão simples que podem ser adotadas por uma criancinha, e todavia tão
compreensivas em sua amplitude que sua significação jamais poderá ser
inteiramente apreendida pelos maiores espíritos. É-nos ensinado chegar a Deus
com nosso tributo de ação de graças, dar a conhecer nossas necessidades,
confessar os pecados que cometemos, e rogar por misericórdia, em harmonia com a
Sua promessa.
( O Maior discurso de Cristo, Ellen G. White)
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