terça-feira, 17 de setembro de 2013

A fuga de Ló e o fim de Sodoma

  De novo foi dada a ordem solene de apressar-se, pois a terrível tormenta demorar-se-ia apenas um pouco mais. Mas um dos fugitivos aventurou-se a lançar um olhar para trás, para a cidade condenada, e se tornou um monumento do juízo de Deus. Se o próprio Ló não houvesse manifestado hesitação em obedecer à advertência do anjo, antes tivesse ansiosamente fugido para as montanhas, sem uma palavra de insistência ou súplica, sua esposa teria também podido escapar. A influência de seu exemplo tê-la-ia salvo do pecado que selou a sua sorte. Mas a hesitação e demora dele fizeram com que ela considerasse levianamente a advertência divina. Ao mesmo tempo em que seu corpo estava sobre a planície, o coração apegava-se a Sodoma, e ela pereceu com a mesma. Rebelara-se contra Deus porque Seus juízos envolviam na ruína as posses e os filhos. Posto que tão grandemente favorecida ao ser chamada da ímpia cidade, entendeu que era tratada severamente, porque a riqueza que tinha levado anos para acumular devia ser deixada para a destruição. Em vez de aceitar com gratidão o livramento, presunçosamente olhou para trás, desejando a vida daqueles que haviam rejeitado a advertência divina. Seu pecado mostrou ser ela indigna da vida, por cuja preservação tão pouca gratidão sentira. 
 
    Devemos estar apercebidos contra o tratar levianamente as providências graciosas de Deus para a nossa salvação. Há cristãos que dizem: "Não me incomodo com salvar-me, a menos que minha esposa e filhos se salvem comigo." Acham que o Céu não seria Céu para eles, sem a presença dos que lhes são tão caros. Mas têm os que alimentam tais sentimentos uma concepção exata de sua relação para com Deus, em vista de Sua grande bondade e misericórdia para com eles? Esqueceram-se de que estão ligados, pelos mais fortes laços de amor, honra e lealdade, ao serviço de seu Criador e Redentor? Os convites de misericórdia são dirigidos a todos; e porque nossos amigos rejeitam o insistente amor do Salvador, desviar-nos-emos também? A redenção da alma é preciosa. Cristo pagou um preço infinito pela nossa salvação, e ninguém que aprecie o valor deste grande sacrifício, ou o preço de uma alma, desprezará a misericórdia de Deus, que se lhe oferece, porque outros preferem fazê-lo. O próprio fato de que outros ignoram Suas justas reivindicações, deve despertar-nos a maior diligência, para que nós mesmos possamos honrar a Deus e levar a todos, a quem podemos influenciar, a aceitar o Seu amor. 

    "Saía o Sol sobre a terra, quando Ló entrou em Zoar." Gên. 19:23. Os brilhantes raios da manhã pareciam falar apenas de prosperidade e paz, às cidades da planície. Começou a agitação da vida ativa nas ruas; homens seguiam seus vários caminhos, preocupados com os negócios ou os prazeres do dia. Os genros de Ló estavam divertindo-se à custa dos temores e advertências do velho, já de espírito enfraquecido. Súbita e inesperadamente, como se fora o estrondo de um trovão provindo de um céu sem nuvens, desencadeou a tempestade. O Senhor fez chover do Céu enxofre e fogo sobre as cidades e a fértil planície; seus palácios e templos, custosas habitações, jardins e vinhedos, e as multidões divertidas, à caça de prazeres, as quais ainda na noite anterior insultaram os mensageiros do Céu - tudo foi consumido. O fumo da conflagração subia como o fumo de uma grande fornalha. E o belo vale de Sidim tornou-se uma desolação, um lugar que nunca mais seria construído ou habitado - testemunha a todas as gerações da certeza dos juízos de Deus sobre os transgressores. 

    As chamas que consumiram as cidades da planície derramaram sua luz de advertência, até mesmo aos nossos tempos. É-nos ensinada a lição terrível e solene de que, ao mesmo tempo em que a misericórdia de Deus suporta longamente o transgressor, há um limite além do qual os homens não podem ir no pecado. Quando é atingido aquele limite, os oferecimentos de misericórdia são retirados, e inicia-se o ministério do juízo.

(Ellen G. White, Patriarcas e Profetas)

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