Quando o
pensamento se concentra no próprio eu, é afastado de Cristo, a fonte de
vigor e vida. Por isso é constante empenho de Satanás conservar a
atenção desviada do Salvador, e evitar assim a união e comunhão da alma
com Cristo. Os prazeres do mundo, os cuidados, perplexidades e pesares
da vida, as faltas alheias, ou nossas próprias faltas e imperfeições -
para uma destas coisas ou todas elas procurará ele distrair a atenção.
Não vos deixeis desviar por seus artifícios. Muitos que são realmente
conscienciosos, e que desejam viver para Deus, são por ele muitas vezes
levados a demorar o pensamento em suas próprias faltas e fraquezas, e
assim, afastando-os de Cristo, esperam alcançar a vitória.
Não devemos
fazer de nós
mesmos o centro, nutrindo ansiedade e temor quanto à nossa salvação.
Tudo isto desvia a alma da Fonte de nosso poder. Confiai a Deus a
preservação de vossa alma, e nEle esperai. Falai e pensai em Jesus. Que o
próprio eu se perca nEle. Ponde de parte a dúvida; despedi vossos
temores. Dizei com o apóstolo Paulo: "Vivo, não mais eu, mas Cristo vive
em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de
Deus, o qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim." Gál. 2:20.
Repousai em Deus. Ele é capaz de guardar aquilo que Lhe confiastes. Se
vos abandonardes em Suas mãos, Ele vos tornará mais que vencedores por
Aquele que vos amou.
Quando
tomou sobre Si a natureza humana, Cristo ligou a Si a humanidade por um
vínculo de amor que jamais pode ser partido por qualquer poder, a não
ser a escolha do próprio homem. Satanás apresentará constantemente
engodos, para nos induzir a romper esse laço - escolher separar-nos de
Cristo. É aqui que temos necessidade de vigiar, lutar, orar, para que
nada nos seduza a escolher outro senhor; pois que estamos sempre na
liberdade de o fazer. Mas conservemos os olhos fitos em Jesus, e Ele nos
preservará. Olhando para Jesus estamos seguros. Coisa alguma nos poderá
arrebatar de Sua mão. Contemplando-O constantemente, seremos
"transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito
do Senhor". II Cor. 3:18.
Foi
assim que os primeiros discípulos alcançaram a semelhança com o amado
Salvador. Quando ouviram as palavras de Jesus, sentiram a necessidade
que tinham dEle. Buscaram-nO, acharam-nO, seguiram-nO. Estavam com Ele
em casa, à mesa, no aposento particular,
no campo. Associavam-se a Ele como discípulos com seu mestre, de Seus
lábios recebendo diariamente lições de santa verdade. Olhavam para Ele,
como servos para seu senhor, a fim de saber quais os seus deveres. Esses
discípulos eram homens sujeitos "às mesmas paixões que nós". Tia. 5:17.
Tinham de travar contra o pecado a mesma luta que nós. Necessitavam da
mesma graça para viver vida santa.
Mesmo
João, o discípulo amado, aquele que mais plenamente refletia a
semelhança do Salvador, não possuía naturalmente aquele caráter amável.
Era não somente presumido e ambicioso de honras, mas impetuoso e
ressentido quando o ofendiam. Quando, porém, lhe foi manifestado o
caráter dAquele que é Divino, viu sua própria deficiência e humilhou-se
ante esse conhecimento. A fortaleza e a paciência, o poder e a ternura, a
majestade e a mansidão que contemplava na vida diária do Filho de Deus,
encheram-lhe a alma de admiração e amor. Dia a dia seu coração era
atraído a Cristo, até perder de vista a si próprio, pelo amor ao Mestre.
Seu temperamento ressentido e ambicioso cedeu ao poder modelador de
Cristo. A influência regeneradora do Espírito Santo renovou-lhe o
coração. O poder do amor de Cristo operou a transformação do caráter.
Este é o resultado certo da união com Jesus. Quando Cristo habita o
coração, transforma-se toda a natureza. O Espírito de Cristo, Seu amor,
abranda o coração, subjuga a alma e ergue os pensamentos e desejos para
Deus e para o Céu.
(Ellen G. White, Caminho a Cristo, pag 70)
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